23.1.08

"we have a city to burn, interrogation"
[23:18_21/01]

"e se não fosse ela?" mais uma vez ele se pergunta no mesmo dia, com a "tranquilidade" e a fome de alguém que tem tido dias bem conturbados [e aqui não se lê somente o sentido negativo da palavra]
com essa mesma tranquilidade, ele vai até a cozinha e continua o turbilhão de impulsos neuronais.

"cansei", diz ele. em voz baixa e camuflado na melodia de uma música qualquer. que não é a dela.
na verdade, esse é um meio de afetá-lá. das coisas boas do momento, a mais recorrente não veio de suas intenções, mas de alguém que pareceu lhe dar mais atenção, mesmo que tenha sido a um ano atrás.

dessa vez na verdade ele se perde no furacão. dura dias, semanas. se disfarça de calma em qualquer coisa que lhe tire do foco
mesmo tendo alguém que ajuda e troca bites e bytes sempre que sente que ele está em perigo, quase jogando a toalha, o cinza do céu continua desrespeitando as longas despedidas dele pra ela.

[isso não tem linha do tempo. todas são uma só. sempre foram e sempre serão. se nossas vidas curarão feridas, não vai ser a partir de agora.]

e ele volta. seriam fragmentos que o tiram de todas as bad trips com relação a ela.
os patch bays, os brinquedos no chão, os bonés, os botões, a parede de vidro e toda a subversão de valores o acalmam por um [minúsculo] instante

ele e ela se defasam. em tempo e espaço. no gráfico X/Y, em 180º.
ele diz que virou 360°. ela diz que não. ele sabe que perde na queda de braço, mas sabe que o "without me you are only you" não funciona a tempos. ou melhor, não funciona aqui

[como narrador, acho que não tenho nada a dizer. parece que eles se cansaram do mundo na cabeça deles. dos seus planos futuros.]

ela se foi. mas continua ali. eles sempre ficarão ali. nenhum dos dois joga a toalha até que ela esteja destruída.
e apesar de não existir linha do tempo, o tempo em si existe. anoitece, as pessoas voltam pro seus devidos lugares, as lágrimas tomam os seus devidos rostos e o jornal deixa de ter o valor imobiliário.

eles estão cansados demais pra queimar a cidade, mas eletricamente ocupados demais pra terem um sono bom.